Presidente ucraniano reafirma que a Constituição impede ceder terras; Europa apoia garantias de segurança, enquanto Washington discute um acordo com Kiev e Moscou.
O presidente Volodymyr Zelensky foi direto: “A Ucrânia não comercializa seus territórios. Não está à venda.” Em coletiva de imprensa ao lado de Ursula von der Leyen, ele criticou a ideia de “troca de territórios” reivindicada por Vladimir Putin e lembrou que, após quase 12 anos de guerra, a Rússia não conseguiu capturar todo o Donbass.
Para Zelensky, “negociações reais” dependem de cessar-fogo e devem considerar a linha de frente como linha de conversa. Ele frisou que a Constituição ucraniana torna impossível “entregar territórios” ou “comércio de terras”, diferenciando a posição de Kiev da legislação russa.
O presidente defendeu que questões territoriais — por sua gravidade — só sejam tratadas diretamente pelos líderes em uma reunião trilateral Ucrânia–EUA–Rússia. Caso Moscou se recuse, Zelensky propõe novas sanções para elevar o custo da agressão e pressionar por um acordo final, e não apenas uma trégua temporária.
No tabuleiro diplomático, Washington ofereceu à Ucrânia garantias de segurança inspiradas no modelo de defesa coletiva da OTAN, sem adesão formal. A expectativa é de que essas garantias e a agenda territorial estejam na pauta quando Zelensky se encontrar com Donald Trump na Casa Branca, com debates sobre Donbass e hipóteses de congelamento da linha em Zaporizhzhia e Kherson entre os temas sensíveis.
Zelensky também reagiu a outros pontos exigidos por Putin, como garantias relativas ao uso da língua russa e à igreja russa, apontando que esses itens não podem ser moeda de troca sobre soberania e integridade territorial.
No terreno, as perdas russas seguem sendo usadas por Kiev e aliados como indicador do custo da guerra; estimativas recentes de autoridades ocidentais apontam baixas muito elevadas nas últimas semanas. Para o governo ucraniano, manter a pressão militar e econômica é essencial para abrir espaço a um entendimento que respeite fronteiras internacionalmente reconhecidas.
Em resumo:
Sem venda ou troca de terras. A posição de Kiev é constitucional e inegociável.
Linha de contato como referência para conversas, após cessar-fogo.
Reunião trilateral com EUA e Rússia é o formato defendido por Zelensky; sem isso, sanções mais duras.
Garantias de segurança dos EUA estão na mesa e podem reconfigurar a dissuasão ao redor da Ucrânia.
Demandas adicionais de Moscou (língua/igreja) não substituem o tema central: soberania e território.