Bombardeiros e aviões de vigilância destruídos por drones ucranianos colocam Moscou em crise estratégica e moral.
A madrugada do dia 1º de junho custou caro ao Kremlin. Não apenas em termos táticos, mas em cifras bilionárias: segundo estimativas preliminares, os danos causados pela Operação Web ultrapassam US$ 7 bilhões, colocando esta ação entre os maiores prejuízos aéreos de uma única ofensiva desde a Segunda Guerra Mundial.
O que foi destruído?
A Ucrânia não mirou alvos comuns. Foram atingidos:
Bombardeiros Tu-95 — estimados em US$ 90 milhões cada, capazes de transportar ogivas nucleares.
Tu-160 — considerados os maiores bombardeiros supersônicos em operação, com custo estimado acima de US$ 300 milhões por unidade.
Tu-22M3, caças táticos, aeronaves auxiliares e, o mais simbólico:
O A-50 Oplot, um dos últimos aviões de alerta aéreo e controle da Rússia, avaliado em US$ 310 milhões.
Ao todo, 41 aeronaves foram atingidas ou inutilizadas.
Prejuízo militar, crise interna
O estrago financeiro direto já seria desastroso para qualquer país. Mas, no caso da Rússia, há um agravante: a baixa capacidade de reposição imediata.
Com sanções ocidentais bloqueando componentes críticos e uma cadeia industrial enfraquecida, não há reposição rápida para aeronaves estratégicas desse porte.
Moscou perdeu mais do que aviões: perdeu tempo, presença aérea e poder de dissuasão.
Impacto psicológico no Kremlin
A ofensiva veio às vésperas de novas negociações com a Ucrânia na Turquia. Internamente, a retórica de força de Putin foi manchada por um ataque que aconteceu no coração do território russo, sem que nenhum sistema de defesa conseguisse reagir a tempo.
Analistas sugerem que o golpe psicológico foi maior que o material.
A população russa, em especial as elites militares, está se perguntando:
“Se nem nossas bases aéreas são seguras, o que mais está vulnerável?”
Rompendo a narrativa da vitória
Durante meses, a propaganda estatal russa tentou sustentar a imagem de controle e avanço sobre a Ucrânia. A Operação Web rompeu essa narrativa com uma única palavra: descontrole.
Putin se vê forçado a responder. O problema é que as opções disponíveis são limitadas — e arriscadas. Escalar o conflito? Recuar? Mudar a narrativa?
Enquanto o Kremlin decide o que fazer, a Ucrânia já colhe os frutos diplomáticos e estratégicos de uma ação invisível, mas devastadora.
Convite para o próximo artigo da série:
No próximo artigo da série: “Turquia, drones e diplomacia: como a Operação Web influenciará as novas rodadas de negociação”, veja como a ofensiva ucraniana pode mudar os rumos da mesa de paz — e por que a Rússia terá que baixar o tom.